A dor é uma experiência sensorial e emocional desagradável que desempenha um papel fundamental na preservação da integridade do organismo. Ela serve como um mecanismo de alerta, indicando a presença de danos ou ameaças ao corpo. A dor pode ser classificada de acordo com a intensidade, duração, mecanismo fisiopatológico ou origem anatômica.
Um dos mecanismos fisiopatológicos da dor é a nocicepção. A dor nociceptiva é um tipo que surge a partir da ativação dos receptores sensoriais conhecidos como nociceptores.
O que é dor nociceptiva?
A dor nociceptiva é uma forma de dor que ocorre como resultado da ativação dos nociceptores, que são receptores sensoriais especializados em detectar estímulos nocivos, como calor intenso, frio extremo, pressão excessiva e substâncias químicas irritantes.
Esses receptores estão presentes em todo o corpo, incluindo a pele, músculos, articulações, órgãos internos e até mesmo no sistema nervoso central. Quando os nociceptores são ativados por um estímulo nocivo ou inflamação, eles enviam sinais elétricos ao longo das vias nervosas até o cérebro, resultando na percepção da dor.
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Quais as principais causas de dor nociceptiva?
A dor nociceptiva pode ter diversas causas, e sua ocorrência está associada a lesões ou danos teciduais. Alguns exemplos comuns incluem fraturas ósseas, queimaduras, cortes, inflamação, infecção e distensão muscular. Essas condições ativam os nociceptores nas áreas afetadas, desencadeando a sensação dolorosa.
Além disso, a dor nociceptiva pode ser crônica, persistindo por períodos prolongados (mais que três meses de duração), mesmo após a cicatrização do tecido originalmente danificado.
DOR NOCICEPTIVA | |
---|---|
Somática | Visceral |
Artrite (25-40% das pessoas >40 anos) | Endometriose (10% das mulheres em idade fértil) |
Dor miofascial (5-10%) | Síndrome do intestino irritável (5-15%) |
Fibromialgia (2-4%) | Úlceras, gastrite, esofa*gite (3-9%) |
Desordens do tecido conjuntivo (0,5%) | Cistite intersticial (0,2-1%) |
Queimaduras graves (0,01%) | Colecistite, apendicite |
Diagnóstico para dor nociceptiva
O diagnóstico da dor nociceptiva é baseado principalmente na avaliação clínica do paciente. Os profissionais de saúde procuram identificar a origem e a causa por meio do histórico médico, exame físico e testes complementares, como radiografias, tomografias ou ressonâncias magnéticas.
A dor nociceptiva pode ser somática ou visceral. Somática é quando afeta locais próximos à inervação somática, como pele, articulações e estrutura musculoesquelética, onde o indivíduo, em geral, determina bem o local da dor. A dor visceral, causada por lesões em órgãos internos (seja por inflamação, isquemia, distensão ou obstrução) tem uma característica difusa, onde não se consegue determinar bem a localização.
É importante distinguir a dor nociceptiva de outros tipos de dor, como a dor neuropática, que é causada por danos ou disfunções do sistema nervoso. A precisão no diagnóstico é essencial para a elaboração de um plano de tratamento adequado. Veja a seguir as diferenças entre elas:
CARACTERÍSTICA CLÍNICA | DOR NOCICEPTIVA | DOR NEUROPÁTICA |
---|---|---|
Etiologia | Lesão tecidual real ou potencial | Lesão nervosa |
Caráter | Latejante, ardor, tipo pressão | Lancinante, em tiro, tipo elétrico, em facada |
Déficits sensoriais | Raro, e se presente, na distribuição não dermatomal ou não nervosa | Frequente (dormência, formigamento, picadas) |
Déficits motores | Pode haver fraqueza induzida pela dor | Fraqueza se nervo motor for afetado |
Hipersensibilidade | Raro | Dor provocada por estímulos não dolorosos (alodínia) ou resposta exagerada a estímulos pouco dolorosos |
Sinais autonômicos | Incomum | Sudorese, alteração da cor e temperatura em 1/3 dos casos |
Tratamento da dor nociceptiva
O tratamento da dor nociceptiva tem como objetivo aliviar o desconforto do paciente e tratar a causa subjacente da dor. Os métodos de tratamento podem variar de acordo com a intensidade da dor e a sua causa específica. Medicamentos analgésicos, como os anti-inflamatórios não esteroidais (AINEs), são frequentemente prescritos para controlar a sua forma aguda.
Em casos mais graves, opióides podem ser utilizados, mas com cautela devido ao risco de dependência e efeitos colaterais. Para dores crônicas pode-se também utilizar fármacos “adjuvantes” como corticoides, antidepressivos e anticonvulsivantes. Abaixo, a escada analgésica da OMS, que guia o tratamento para dores de leve, moderada ou forte intensidade.
Além da medicação, outras abordagens podem ser empregadas, como fisioterapia, acupuntura e técnicas de relaxamento, como a meditação e a respiração profunda. A terapia multidisciplinar, envolvendo profissionais de diferentes áreas, como médicos, fisioterapeutas, psicólogos e terapeutas ocupacionais, também pode ser indicada para tratar a dor nociceptiva de forma abrangente.
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Conclusão
A dor nociceptiva é um tipo que resulta da ativação dos nociceptores em resposta a estímulos nocivos. Ela desempenha um papel importante na proteção do organismo contra danos, alertando o indivíduo sobre a presença de lesões ou ameaças. As principais causas da dor nociceptiva estão relacionadas a lesões teciduais, inflamação e processos patológicos.
O diagnóstico preciso é fundamental para o adequado tratamento da dor nociceptiva, envolvendo a identificação da origem e causa da dor. O tratamento pode incluir o uso de medicamentos analgésicos, fisioterapia, técnicas de relaxamento e terapia multidisciplinar. A compreensão dos mecanismos e abordagens para o tratamento da dor nociceptiva é essencial para melhorar a qualidade de vida dos pacientes.
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FONTE:
- Goldman-Cecil Medicine, 26th edition